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SEÇÕES KAINGANG
 

Juracilda Veiga
Antropóloga

Assim, o status diferente atribuído às seções seria resultante de uma hierarquia social que consideraria como os mais importantes os descendentes dos pais ancestrais, KAMÉ e KAIRU, seguindo-se aqueles que foram incorporados ao grupo por casamento (ou seja, aliança) e, por último, os que foram incorporados através de cativeiro.

Esses últimos seriam os Wonhétky. Como está dito acima, Borba relaciona os Curutons, que aparecem no mito como escravos dos Kaingang, como sendo os Aré , um povo de língua tupi-guarani. Esse povo é comumente referido na literatura do século XIX também como "Botocudos", pelo fato de usarem tembetá (Cf. Bigg-Wither [1878] 1974, cap. XVI e XVII). Borba recolhe junto a um aré cativo entre os Kaingang, um mito aré onde eles justificam porque os outros povos sempre fazem guerra à eles. Até hoje os Kaingang consideram grupos Guarani como "mais atrasados" porque são mais resistentes às influências da sociedade envolvente. Os Guarani, por sua vez, afirmam que os Kaingang não são mais índios, porque aceitaram muitos costumes brasileiros.

Há entre os Kaingang portanto uma aliança prescritiva: casar-se KAMÉ com KAIRU. O mito parece indicar - como costume herdado dos ancestrais - que, havendo ainda homens solteiros depois de realizadas as uniões possíveis dentro de um grupo entre os KAMÉ e os KAIRU, deve-se buscar mulheres entre os que são Kaingang, de maneira que KAMÉ e KAIRU faziam aliança também com esses (qualquer um dos que se autodenominam "Kaingang", inclusive os Xokleng). Os Wonhétky poderiam ser, por fim, os Kurutu, que sendo capturados acabam se casando com membros das outras seções. Se os membros incorporados forem mulheres, isso não afeta o status dos filhos porque o pai lhes dará um nome e um lugar social, mas se forem homens "estrangeiros", ou seja, não-Kaingang, a esses filhos seria preciso dar um lugar na sociedade Kaingang.

 
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Kaingang ganha
verbete em
Enciclopédia Mundial.

“The Grenwoodod
Encyclopedia of
World Folklore
and Folklife”
verbete assinado
por
Juracilda Veiga

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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