Sobre a relação entre essas categorias, Baldus diz apenas que o votoro é ajudante e substituto dos pénie no tratamento com o morto, e que um votoro pode se tornar inteiramente pénie , mas este não pode tornar-se votoro (grifos meus). Sobre os iendkiby , diz que são "muito mais raros ainda" que os votoro . Os iendkiby participariam na danças cerimoniais entrando no cemitério "como derradeiros, sendo chamados para isso só depois dos outros terem feito três a quatro voltas" . O cadáver de um iendkiby não poderia ser enterrado no cemitério, "senão morrem todos ligeiro" (Baldus 1947a:81).

Na seqüência, Baldus refere a uma quarta distinção, o paí , um único em cada aldeia: um chefe que pode usar a pintura de qualquer um de sua metade com exceção do paímbogn , chefe grande de subtribo que se pinta com um número tão grande de sinais típicos da sua metade que dá para encher o rosto e a parte nua do corpo. Os paí são considerados como mais sensíveis que os outros em relação a perigos de qualquer espécie que, naturalmente, sempre têm caráter mágico (Baldus 1947a:81). Vemos, assim, que aquilo que Nimuendajú chamou "classes" paí , votóro e pénye e mais uma, "geral" ou "comum", não corresponde exatamente ao que Baldus identificou como "distinções de pintura" paí , pénie , votoro e iendkiby e embora se recubram parcialmente. Como vimos, para Baldus o paí não é senão um indivíduo em cada "toldo" [aldeia], enquanto que para Nimuendajú trata-se de uma classe da qual saem os xamãs e líderes cerimoniais (apud Métraux 1947:149). A divergência mais significativa entre ambos é que Nimuendaju identifica duas metades e três (ou quatro) classes cerimoniais presentes nas duas, enquanto Baldus ([1937] 1979:18) afirma serem duas metades, sem informar seus nomes, e dois subgrupos em cada metade e, posteriormente (1947a:80) conclui, como Nimuendaju, que as duas metades são "Kamé e Kanieru", e reconhece a existência de quatro funções cerimoniais, presentes em ambas.